sexta-feira, 29 de julho de 2016

A Viagem das Idéias


Renan Freitas Pinto
(Revista Estudos Avançados)


COM O PRESENTE título queremos sugerir que as idéias, ao percorrerem espaços próximos e distantes, conectando homens e épocas, possuem, em determinadas situações especiais, em certos momentos singulares, a capacidade de se imporem como o sistema de pensamento predominante, a partir do qual se passa a sentir, a agir e a perceber o mundo das coisas e dos homens. Há também as situações em que as idéias perdem seu impulso original em momentos desfavoráveis à sua propagação, extraviam-se e são eclipsadas.
Nessa perspectiva, queremos sugerir que o processo de formação do pensamento que construiu a Amazônia como um espaço natural e cultural vem, ao longo dos últimos cinco séculos, produzindo e continuamente reinventando, a partir de um conjunto relativamente limitado de idéias, as percepções que se tornaram as mais persistentes, dentro certamente do quadro mais amplo e diversificado da geografia do Novo Mundo.
Um outro aspecto certamente digno da atenção de toda investigação em torno do desenvolvimento da história das idéias sobre a Amazônia é que esse processo tem envolvido uma gama bastante diferenciada de campos da ciência e do pensamento, mas tem se concentrado de forma especial em áreas como a da história natural, da geografia, da antropologia.
O aspecto, entretanto, de maior interesse é aquele revelado por esse tipo de prospecção em torno de quais as idéias matrizes que foram historicamente se configurando para constituir esse núcleo a partir do qual vem sendo geradas as noções diferenciais entre a civilização e a barbárie, ou seja, mapear, no trajeto do pensamento moderno, as origens das noções que separaram o mundo por meio de noções preconceituosas.

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