Renan
Freitas Pinto
(Revista
Estudos Avançados)
COM
O PRESENTE título queremos sugerir que as idéias, ao percorrerem espaços
próximos e distantes, conectando homens e épocas, possuem, em determinadas
situações especiais, em certos momentos singulares, a capacidade de se imporem
como o sistema de pensamento predominante, a partir do qual se passa a sentir,
a agir e a perceber o mundo das coisas e dos homens. Há também as situações em
que as idéias perdem seu impulso original em momentos desfavoráveis à sua
propagação, extraviam-se e são eclipsadas.
Nessa
perspectiva, queremos sugerir que o processo de formação do pensamento que
construiu a Amazônia como um espaço natural e cultural vem, ao longo dos
últimos cinco séculos, produzindo e continuamente reinventando, a partir de um
conjunto relativamente limitado de idéias, as percepções que se tornaram as
mais persistentes, dentro certamente do quadro mais amplo e diversificado da
geografia do Novo Mundo.
Um
outro aspecto certamente digno da atenção de toda investigação em torno do
desenvolvimento da história das idéias sobre a Amazônia é que esse processo tem
envolvido uma gama bastante diferenciada de campos da ciência e do pensamento,
mas tem se concentrado de forma especial em áreas como a da história natural,
da geografia, da antropologia.
O
aspecto, entretanto, de maior interesse é aquele revelado por esse tipo de
prospecção em torno de quais as idéias matrizes que foram historicamente se
configurando para constituir esse núcleo a partir do qual vem sendo geradas as
noções diferenciais entre a civilização e a barbárie, ou seja, mapear, no
trajeto do pensamento moderno, as origens das noções que separaram o mundo por
meio de noções preconceituosas.
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