sexta-feira, 29 de julho de 2016

"A violência" - Slavoj Žižek





Sobre "A Violência" - Slavoj Žižek
Jorge Luiz Souto Maior


“As pessoas dormem tranquilamente à noite porque existem homens brutos dispostos a praticar violência em seu nome.”

George Orwell

Acusam as manifestações populares de violentas, mas, em geral, elas são apenas reações a violências constantemente sofridas que não são chamadas por esse nome. O problema é que a revolta, materializada em ato coletivo, é muito mais facilmente visualizada.
Essa violência concreta acaba sendo o argumento para a repressão institucionalizada, fazendo com que as vítimas reais sejam novamente violentadas. Apesar disso, reações populares pelo mundo têm cada vez mais aumentado seu tamanho e sua consciência. Como explicar?
As respostas não são simples. Neste livro Slavoj Žižek analisa os problemas de estagnação do modelo de sociedade atual, que multiplica insatisfações e frustrações pessoais e coletivas. Aponta também para o aumento da percepção das violências originárias, favorecido pelo acesso à informação.
Compreender a origem da violência altera a avaliação sobre o contexto histórico das relações sociais, permitindo-nos visualizar a essência dos conflitos, caracterizada pelos inúmeros e às vezes sutis processos de exclusão. É nesse sentido que Žižek busca delinear os aspectos subjetivos e objetivos da violência, tanto sua expressão visível como a invisível, indo desde a liberalização da sexualidade e o comunitarismo, passando pela política do medo e o terrorismo fundamentalista, até desembocar na violência divina, incluindo-se aí o ateísmo.

Se reivindicar direitos sociais é a forma democrática de se buscar uma saída para uma sociedade à beira do caos, corre-se o risco de as repressões aumentarem na mesma proporção. Até quando os responsáveis pela construção do direito e pela organização do Estado irão ignorar o grito que vem das ruas? A resposta, meu amigo, como diria Bob Dylan, “está soprando no vento”...

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