Sobre "A Violência" - Slavoj Žižek
Jorge Luiz Souto Maior
“As
pessoas dormem tranquilamente à noite porque existem homens brutos dispostos a
praticar violência em seu nome.”
George
Orwell
Acusam as manifestações
populares de violentas, mas, em geral, elas são apenas reações a violências
constantemente sofridas que não são chamadas por esse nome. O problema é que a revolta,
materializada em ato coletivo, é muito mais facilmente visualizada.
Essa violência concreta
acaba sendo o argumento para a repressão institucionalizada, fazendo com que as
vítimas reais sejam novamente violentadas. Apesar disso, reações populares pelo
mundo têm cada vez mais aumentado seu tamanho e sua consciência. Como explicar?
As respostas não são
simples. Neste livro Slavoj Žižek analisa os problemas de estagnação do modelo
de sociedade atual, que multiplica insatisfações e frustrações pessoais e
coletivas. Aponta também para o aumento da percepção das violências
originárias, favorecido pelo acesso à informação.
Compreender a origem da
violência altera a avaliação sobre o contexto histórico das relações sociais,
permitindo-nos visualizar a essência dos conflitos, caracterizada pelos inúmeros
e às vezes sutis processos de exclusão. É nesse sentido que Žižek busca
delinear os aspectos subjetivos e objetivos da violência, tanto sua expressão
visível como a invisível, indo desde a liberalização da sexualidade e o
comunitarismo, passando pela política do medo e o terrorismo fundamentalista,
até desembocar na violência divina, incluindo-se aí o ateísmo.
Se reivindicar direitos
sociais é a forma democrática de se buscar uma saída para uma sociedade à beira
do caos, corre-se o risco de as repressões aumentarem na mesma proporção. Até
quando os responsáveis pela construção do direito e pela organização do Estado
irão ignorar o grito que vem das ruas? A resposta, meu amigo, como diria Bob
Dylan, “está soprando no vento”...
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